segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Arquiteta usa e abusa da madeira em apartamento





Difícil imaginar que este amplo apartamento em Perdizes, zona oeste de São Paulo, composto harmonicamente com madeira, do chão ao teto, e peças de arte, foi entregue quase pelado. Por se tratar de um empreendimento novo, Fabiana Avanzi recebeu o imóvel do jeito que qualquer arquitetura gostaria: cru para criar. A piscina foi a única estrutura a ser entregue com cara de pronta, já com as pastilhas

"Combinamos de não mexer por causa da impermeabilização", explica.

Com a ideia de que o living pedia aconchego, ela usou e abusou da madeira. No piso, a de demolição, da Parquet SP, enfatizando o aspecto mais rústico, até para diferenciar o espaço da área dos quartos, onde foi usada perobinha com resina. Os painéis de laca que revestem as paredes, feitos sob medida pela Marcenaria Angelo Arte, completam a estética do ambiente.

O forro também de madeira, além de dar personalidade, resolve duas questões. A primeira é o pé-direito baixo, constante nos novos apartamentos. Ao manter a laje sem forro nas laterais o apartamento ganhou alguns centímetros na vertical. "O forro de madeira corta o apartamento no maior sentido. Se a gente nivelasse o teto por ele, ficaria muito abafado", explica Fabiana. A outra vantagem da estrutura é que ela esconde fios e cabos de iluminação, som e ar-condicionado. Há também pontos de luz no meio dos quadrados.

O material também domina o mobiliário. As estantes e a mesa de centro com nicho para vasos foram feitas na Angelo Arte. O trio de mesinhas redondas e as poltronas Diz, de Sergio Rodrigues, são da Dpot. No restante dos móveis optou-se por tons neutros, como o cinza. Não à toa. A alegria fica por conta dos quadros de Osgemeos e de Volpi. A leve sobriedade não é problema: o espaço é mais usado pelo casal, os filhos têm um terraço jovem para ver filmes e ouvir música.

Ainda no living, a grande dificuldade foi ampliar o espaço sem perder luminosidade. No térreo do prédio, o apartamento tinha uma varanda cercada por um muro de 1,80 que virou o escritório da proprietária, integrado à sala de estar. Mas, como mesmo assim o apartamento continuaria meio escuro, por causa do muro, pontos de luz estratégicos foram colocados pela Mingrone, responsável pelo projeto luminotécnico.

As obras de arte tiveram atenção especial: conforme a proprietária foi escolhendo a disposição dos quadros, foi-se adaptando o tipo de iluminação. O último a ser escolhido foi o dos Osgemeos, que ganhou a companhia de um abajur de chão da On Light. "Acabou dando um ar descontraído."

Se no living, o forro de madeira divide a atenção com os quadros, na sala de jantar, ele ganha mais concorrentes. A imponente luminária da Flos imprime charme e ostentação à mesa das refeições formais.

A outra atração é a parede verde - na verdade, o material é transparente, mas na junção fica dessa cor - formada com vidro profilit, que separa a área social do corredor que leva aos quartos.

As peças são encaixadas e fixadas com as bases no pé e no topo. "A gente não vê do outro lado, mas passa luz. Assim, não tivemos de subir uma parede", explica a arquiteta. A solução também combina com os tons de verde, marrom e dourado - presentes no espaço e nos quadros de Fátima Villarin.

Já a viga perto da luminária recorda que ali havia uma parede, derrubada para ampliar o ambiente. A porta de correr ajuda a prolongar o espaço e quando fechada, cria um novo ambiente, mais reservado.

Preto e madeira. A cozinha gourmet, por sua vez, não tem nada de formalidades. Para o armário e cadeiras, a opção foi pelo preto, combinando com o cinza da coifa, da adega e dos charmosos banquinhos, que não atrapalham a passagem. A madeira, porém, não poderia faltar: na mesa, no forro e no piso. Com as portas de vidro, o espaço ganha amplitude - o cômodo original ia até a parede branca -, além da integração com a área externa.

Lá fora, além do deck no canto esquerdo, da Parquet SP, um modelo removível, da Marcenaria Alto Padrão, foi colocado sobre a piscina. O banquinho, da Angelo Arte, dá utilidade à pilastra, que, por fazer parte da estrutura do prédio, não poderia ser retirada. "O bom é que ele conversa com os sofás", diz Fabiana.

Os móveis da Decameron cumprem bem o papel de transformar o lugar numa espaço para a família descansar. "Em vez de espreguiçadeiras, optamos por uma única peça. A pessoa pode se jogar e não fica com cara de clube."

O projeto de paisagismo também tem dupla função: leva vida ao espaço, com diferentes tipos de plantas, da jasmim-do-imperador ao fórmio vermelho, e ainda dá privacidade. "A vegetação mais alta é porque no canto tem a janela do banheiro da empregada", conta a arquiteta.

O casal contratou Fabiana assim que comprou o apartamento, há 2 anos, com o prédio ainda em construção. Uma das vantagens nesse tipo de situação, segundo ela, é planejar o projeto com os proprietários com mais tranquilidade e combinar com a construtora como o imóvel deve ser entregue. "Você não gera tanto entulho nem tem retrabalho", afirma.

O fato de o apartamento ser térreo facilitou a condução da obra, diz. "Você fica livre do elevador e da restrição de não poder descer entulho a qualquer hora." O lado ruim? Não dá para içar nada pelos janelões, por isso, alguns objetos foram montados no próprio apartamento. (AE)

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